sábado, 28 de novembro de 2009

Yin Yang


A loucura, meu caro
Pode ser a cura
Pode custar caro

A criação, irmão ilustre
Pode ser um embuste
Pode ser elevação

O casamento, meu amor
Pode ser tesão, felicidade
Pode ser dor, castidade

A reunião, companheiro
Pode ser construção
Pode ser devaneio

A educação, cidadão
É sine qua nom
Mas pode ser uma prisão

O progresso, meu amigo
Pode ser evolução
Pode ser um perigo

O sonho, meu senhor
Pode ser uma quimera
Pode ser, da vida, o motor

O seu mundo, fera
Pode ser quadrado
Pode ser uma esfera

O milagre, mano
Pode ser divino
Pode ser humano

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Alma Vulgar


Como sobreviver?
Se não sei me vender
Se não sei responder
Qual o preço da minha alma
Como se rotular?
Sem ter que aprisionar
O espontâneo do ser
A construção do saber
De como sobreviver
Vendendo a alma na encruzilhada
Sem se rotular
Sem ter que aprisionar
O espontâneo do ser
A construção do saber
De como sobreviver
Se não sei responder
Se não sei nem vender
Se não sei embrulhar
Se não sei parcelar
Minha alma vulgar
Sem se rotular
Sem ter que aprisionar
o espontâneo do ser


Para ouvir:
http://www.myspace.com/solanastar

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Translúcido Mistério


Caixa sem lados
De conteúdo improvável
Massa volátil
Teoria estéril
Estereofônico silêncio
Cinquenta laudas em branco
Maritacas mudas
Piscina vazia
Sentido contrário
Orquídea sem cor
Falar sozinho
Filme queimado
Barco sem mar
Translúcido mistério
Beijo desgosto
Sono em pé
Sorriso sem rosto

domingo, 22 de novembro de 2009

Amor Juvenil


Que coisa essa?
Inesperadamente te pega
Rindo de orelha a orelha
40 suspiros por minuto
Inevitável olhar aquela
Bela das belas
Água na boca
Mar batendo nas pedras
O tempo voa
Dia já vem claro
Cochilo entre amassos
Coxa, cheiro, nuca, seios
Mordo o braço
Beijo, beijo, beijo, beijo
Deito no deleite do desejo
Me distraio, fico vesgo
Vôo alto, perco medo
O relógio dispara dentro do peito
Fecho os olhos e só te vejo

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

João com o Trem


João Coltrane?
Ou será John com o trem?

Eu sei que o espírito se eleva
Quando o tenor deste senhor
Exala suas cores
Seus odores
Seu calor
Sim, não é absurdo; Cheiro do Barulho!
Flores, belas flores
No vagão do João
O João Com Trem
Trem Bão!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Absorvente de idéias íntimas


Estado de graça
De graça tá ficando caro
O tempo olha
O vento molha
O olho joga
O bonde já passou
Perdi, me achando logo em seguida
Segunda, dia festivo
Pedi licença do ócio
E fui nada fazer
Meditando sobre o inédito
Papel em branco
Em cima da cabeça
Como absorvente
Das idéias que escapam
Rumo ao céu degradê

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Bicho


Canguru pula
Pit Bull morde
Coelho foge
Nariz escorre

O coração pula
O sangue corre
O olho procura onde
A cegonha dorme

O lobo uiva
A cotovia canta
O cavalo relincha
O meu pai ronca

A velha enviúva
A menina não é santa
O vizinho me conta
O tubarão destrincha

A borboleta é bela
A cigarra apita
A araponga martela
A multidão grita

O patrão manda
O funcionário anda
O cego quase morre
O fiel cão socorre

Corpo relaxado
A mente viaja um instante
Ouvido de tuberculoso
Memória de elefante

Veado medroso
Burro empacado
Passarinho voando
Homem enjaulado

domingo, 15 de novembro de 2009

Querosene


Sola do pé-inchado
Brasa no inferno asfáltico
Risada, saliva e suco gástrico
Uma hora PM
Busco trocados no bolso furado
Barcaça sem leme
TV à vista
Ou em suaves prostrações
Vidrado cheirando querosene
Dragado no papo maneiro
Todas idéias, Todos os anseios
Jogados no ventilador
Vivi e vivo o viva verão
Blocos nos paralelepípedos
Cevada na garganta
Piscadela uma janela
Nervosa insolação
Ação: Desço uma pinga
O resto esqueci
Morri nestas linhas

sábado, 14 de novembro de 2009

Poesia Sonâmbula


Poesia sonâmbula
Histeria na madruga
Um olho aberto
Outro fechado
Cruzo os pés
Deito e escrevo
E numa cambalhota
Sorrio como um idiota
Nado no nada
Relaxo na alfândega
Dos meus contrabandos
De fantasias sórdidas
E ilusões maravilhosas

Beijo quem nunca beijei
Estréio na ribalta
Vôo no céu turquesa
Planto uma bananeira
Mergulho nu
No mar de Iemanjá
E durmo acordado
De tão relaxado
Peixe a cantar
Um Dorival encantado