quarta-feira, 27 de março de 2013

O Sono da Preguiça








Deitado sobre a preguiça gigante
O gigante adormecido
Há de despertar
Para jornada
Nas paragens várias
Correndo desvairado
Se livrando da mortalha
Que adquiriu na promoção
Do seu bazar

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ganância


Ganhar com gana
Se auto enganando
Que ganhar é amar
Que será amado ganhando
Porque quem ganha sempre perde
E quem perde sempre ganha
É só focalizar o ângulo
As linhas tortas de deus
As linhas irregulares dos mapas
As curvas fechadas das serras
O mundo ainda em guerra
Para ganhar
Não importa o preço
Grana, terra, bomba
Quanto mais é mais
Se misturar jamais
O que é do homem os bichos não comem
Cada um no seu nicho
Quem ganha tudo
Quem perde lixo?

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Bandeira da Liberdade

O Japão tá no lado oposto do mapa
O Sol aparece lá e a Lua resplandece cá
Queria beber saquê pra ver se saco a paciência e disciplina nipônica
Vou ver se amarelo
Não quero mais o despautério
Vou pra Sampa fazer um Samba na Liberdade
Chega de balneário carioca
Farei minha oca em plena Paulista
Não mudarei de idéia, não insista
Quero mudar de país sem sair do Brasil
Paulicéia me aguarde
Novo bandeirante dando bandeira na cidade

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Bigode Alado





















O bigode são duas asas
Pra levar pro céu bem longe
Dos olhos que estão tão perto
Da cara que não se enquadra
No retrato de estar errado ou certo

O corpo esgueira na multidão da Lapa
Empurrando o muro
Esmurrando a faca
Na boca urrando aos berros
Quixote encaixotando cervejas de garrafas

Os pés dão risadas
Dançando no frenesi da idade
Da moçada que não está fácil
Calçada é palco
Ritmo do ruido
Que se faz quando se pensa alto

sábado, 24 de março de 2012

Temperatura e Pressão


Pressão
O tempo
Destino
Contas para acertar
Alvos invisíveis
Inalo fumaça
Exalo incertezas
Anotadas no caderninho
Olhar ao alto
Procuro o foco
Eixo em desalinho
Vapor de mágoa
Preso na panela
O fogo apaga
Metal em brasa
Marcando a testa
Eterno estandarte
Da ignorante festa

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poder do Coração

Versão de "Power of Soul" de Jimi Hendrix

Vive só voando nesse avião
Dê um tempo
Você tem que por seus pés no chão
Não vire um avião
Pense um momento
Viaje e use a razão
Volte para terra
Não viva essa guerra
Você não vê o risco
O sol já raiou, a noite acabou
Só nos resta sonhar muito mais que isso

Com o poder do coração
Tudo é possível meu irmão
Com o poder do amor
Tudo corre a seu favor

É guerra no oriente
É guerra no ocidente
Já caiu bomba no Japão
Hoje cai no Afeganistão
Aqui no Brasil a chapa também é quente
É guerra na favela entre afro descendentes
Que morrem adolescentes
Deixando mãe, mulher e filho
Cuidado com os tiros
Quem é polícia, quem é bandido?
É guerra de bicheiro, é guerra de boyzinho
Massacre de presos
Massacre de sem terra
Massacre de meninos
Massacre de mendigos

Com o poder do coração
Tudo é possível meu irmão
Com o poder do amor
Tudo corre ao seu favor

Com o poder na sua mão
Tudo é possível, meu irmão
Com o seu auto poder
Você faz o que quiser fazer






segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Meu Amigo


Foto:Milton Campos

Meu velho, meu amigo
Mesmo longe estou contigo
Vou caminhando e te digo
Levo a vida que acredito
Não se preocupe com seu filho
Eu vou indo e vou chegar no lugar que quero
E espero te orgulhar
Pela luta e pela obra
Tenho a sua a me inspirar
Enraizada na memória
Fique firme no caminho
O infinito é seu limite
Acredite, eu não minto
Tu és grande e te admiro
100% Um Sorriso


quinta-feira, 26 de maio de 2011

Música


John Cage

Música
Intuição Litúrgica
Abstração no Ar
Harmonia das Ondas
Matemática do Tempo
Som e Silêncio
Música
Expressão Acústica
Vibração Elétrica
Melodia do Seu Cantar
O Ritmo é o Pai do Movimento
Batucando as Cordas
Encanando o Vento
Música

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ligadaço no Plantão


Território Livre
Terrivelmente vive
Sob a égide do calibre

Macacos me mordam
Belisque o meu braço
Pra ver se acordo
E compro um peito de aço

Vou seguindo fugindo do mala
Desviando da bala
Do tapa na cara
Dos bandidos de farda

Trancafiado em casa
Da sala pro quarto
Do quarto pra sala

Paranóia urbana
Aglomeração humana
Só se pensa na grana
De baixo da cama
Ou num banco bacana

Grampos, câmeras
Blindados e grades por todos os lados
Correntes, cadeados
Tudo vigiado

24 horas

Ta ligado?

sábado, 24 de julho de 2010

Biruta


Vou pra onde o vento
Já fez a curva
Mudei de idéia
Vou me curvar ao vento
Deixar-me levar
Pipa solta na praia
Biruta mostrando a direção
Tudo pode mudar
A qualquer momento

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Colher é Mão


Colar coral
Adorno pele carne pano
Pelo pubiano
Cheiro alfazema
Vestido linha cor
Sandália da pequena
Verão brisa morna
Visão pertubadora
Fogo na panela de pressão
Dourando o prato
Pato assado
Queimando mato
Fome de amor
Comer sem garfo
Colher é mão
Na mesa e no chão

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia da Mentira


Quantas mentiras contei e quantas ainda serão contadas?
Até aí nenhuma novidade
A hipocrisia ea poesia
De mãos dadas na cidade
Sombra na esquina
A câmera vigia sem muita qualidade
Fingimos que não nos vimos
Nos outros e nosotros
Choros alegres
Risos sem vontade
Soy joven
Pero no mucho
No me quiero bucho
Acordo cedo
Devo me recolher
Antes do vidro da janela brilhar
Céu azul bebê
Otite de despertador
Torpor de sono
Ardor nos olhos
Arrependimentos
Promessas inúteis
As dores e enjôos
Serão logo esquecidos
Breves ciclos vivos
Modificados a serem repercutidos
Ao gosto do freguês
Retratos feios podem ser bonitos
Dependem da tendência da estação
Ano, dia e mês
Corte a corte, plano a plano
Gosto não se deglute
Nem política, religião ou time
Sou assim e você é assado
E estamos conversados

terça-feira, 30 de março de 2010

Perimetromorfótico


Andando em círculos
Óculos tortos turvos
Pendurados em pálida face
Disfarçando a retumbante gafe
Em desorientado enlace
Perpétuo contínuo
Como barata tonta
Em infinito labirinto
Que te traz sempre
Ao mesmo velho ponto de partida
Do início ao fim da vida
Idas e vindas
Feias ou lindas

sexta-feira, 26 de março de 2010

Peixe Voador


Sem significado insisto
Escrever sem me conter
Rabisco um
Momento
Me perco no
Não pensamento
Opinião:
O traço sai
Pé nem cabeça
Profusão de vazio
Desconstrução na contramão
Peixe viajando de navio
Passarinho a bordo do avião

sexta-feira, 19 de março de 2010

Crônica de um Papai Noel no Saara


Acertadamente tenho errado
Explico paradoxo:
É a escola da derrota
Agora é hora de mudar
Vou dar cobra à asa
Digo isso porque cansei
A vida quase fica cansada de mim
Canhestro romantismo requentado este
Lirismo no boteco
50 cervas de garrafa
Pra aguentar esse calor infernal
Atravessando o deserto do Saara
Rua da Alfândega vestido
De palhaço anunciando a promoção
Espetacular imperdível da loja
De quinquilharias do Kalil
O salário também foi calculado numa
Promoção que fiz pro patrão
A promoção desemprego
No natal 40 graus vestido de
Papai Noel da Noruega
Palhaçada essa porra!
Choque de Ordem
Porrada e progresso
Martelando o bife
Amaciando carne de segunda
No editorial, o jornalista imparcial aplaude
A unidade pacificadora que metralhou seis suspeitos
(Tiros no peito morrendo no SUS)
Que Matavam aula no horário escolar
Em Ipanema, a população aplaude o por do sol e chupa picolé
O velho Noel só pensa em neve e nas 50 cervas de garrafa

domingo, 7 de fevereiro de 2010

AVA


Foto:Carla Vieira

Sombra do som
Vibração da cor medida em hertz
Tela pintada à luz e onda sonora
Chacoalhando esqueleto
Metais, madeira, pedra, nylon
Palavras sopradas ao vento
Notas no espaço-tempo
Você me diz, eu te digo
Lido e repercutido
Em 16 bits
100 beats por minuto
A mosca pousou na sopa
Zumbido do inseto e do spray do inseticida
Acontecimentos editados e sequenciados
Chips e nervos à flor da pele de plástico
Prazer virtualisticamente verdadeiro
A vida reescrita por um ghost writer
Cópia da cópia
Genes em código
Tudo é música
A música não é tudo

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Solana Star


Asas pra que te quero
Pernas batendo no ar
Dançando vem Solana Star

Navegando contra a corrente
Surfando neste mar
Vagando vem Solana Star

A moça deu bandeira
Brilhou demais pra guarda costeira
Deixou louca toda moçada
Com suas curvas prateadas

Salve salve musa mulata
Que disse ao que veio na lata
Misterioso recheio
Que na lata disse ao que veio

Estrela índia tailandesa
Afro loura ruiva japonesa
Queremos sua presença
Viver a experiência

Deixe estar Solana Star

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Umbigo


Ego
Si mesmo
Próprio umbigo
Íntimo
Eu penso
Logo
Existo
Sinto
Minto
Pra
Mim mesmo
Segredo
Aconchego
Cafôfo
Mocó
Cerebral
Nas entranhas
Impressão digital
Celular
Molecular
DNA

To comigo
Não to à toa
Insisto
No sol ou na garoa
A vida é isto
Remar pra subir o rio
Plantar pra colher o trigo
Se amar para poder sonhar
Cantar pra espantar o frio

sábado, 5 de dezembro de 2009

Visconde de Sabugosa


Espantalho cercado por corvos comendo meu milho
Imóvel, impassível
Preso em um surrado traje
Adornado por um chapéu esfiapado
E as agourentas aves se refastelando
-Faça alguma coisa meu rapaz! Lute, corra, grite. Não fique aí parado de braços abertos. A vida passa rápido e a oportunidade bate asas. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.
Hexagrama emperrado
Estagnação
Rio represado
O acumulo pode matar
Aliás, viver pode matar
-Mexa-se, espanta o mal olhado espantalho! Não seja um paspalho empalhado.

sábado, 28 de novembro de 2009

Yin Yang


A loucura, meu caro
Pode ser a cura
Pode custar caro

A criação, irmão ilustre
Pode ser um embuste
Pode ser elevação

O casamento, meu amor
Pode ser tesão, felicidade
Pode ser dor, castidade

A reunião, companheiro
Pode ser construção
Pode ser devaneio

A educação, cidadão
É sine qua nom
Mas pode ser uma prisão

O progresso, meu amigo
Pode ser evolução
Pode ser um perigo

O sonho, meu senhor
Pode ser uma quimera
Pode ser, da vida, o motor

O seu mundo, fera
Pode ser quadrado
Pode ser uma esfera

O milagre, mano
Pode ser divino
Pode ser humano