sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Ligadaço no Plantão


Território Livre
Terrivelmente vive
Sob a égide do calibre

Macacos me mordam
Belisque o meu braço
Pra ver se acordo
E compro um peito de aço

Vou seguindo fugindo do mala
Desviando da bala
Do tapa na cara
Dos bandidos de farda

Trancafiado em casa
Da sala pro quarto
Do quarto pra sala

Paranóia urbana
Aglomeração humana
Só se pensa na grana
De baixo da cama
Ou num banco bacana

Grampos, câmeras
Blindados e grades por todos os lados
Correntes, cadeados
Tudo vigiado

24 horas

Ta ligado?

sábado, 24 de julho de 2010

Biruta


Vou pra onde o vento
Já fez a curva
Mudei de idéia
Vou me curvar ao vento
Deixar-me levar
Pipa solta na praia
Biruta mostrando a direção
Tudo pode mudar
A qualquer momento

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Colher é Mão


Colar coral
Adorno pele carne pano
Pelo pubiano
Cheiro alfazema
Vestido linha cor
Sandália da pequena
Verão brisa morna
Visão pertubadora
Fogo na panela de pressão
Dourando o prato
Pato assado
Queimando mato
Fome de amor
Comer sem garfo
Colher é mão
Na mesa e no chão

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia da Mentira


Quantas mentiras contei e quantas ainda serão contadas?
Até aí nenhuma novidade
A hipocrisia ea poesia
De mãos dadas na cidade
Sombra na esquina
A câmera vigia sem muita qualidade
Fingimos que não nos vimos
Nos outros e nosotros
Choros alegres
Risos sem vontade
Soy joven
Pero no mucho
No me quiero bucho
Acordo cedo
Devo me recolher
Antes do vidro da janela brilhar
Céu azul bebê
Otite de despertador
Torpor de sono
Ardor nos olhos
Arrependimentos
Promessas inúteis
As dores e enjôos
Serão logo esquecidos
Breves ciclos vivos
Modificados a serem repercutidos
Ao gosto do freguês
Retratos feios podem ser bonitos
Dependem da tendência da estação
Ano, dia e mês
Corte a corte, plano a plano
Gosto não se deglute
Nem política, religião ou time
Sou assim e você é assado
E estamos conversados

terça-feira, 30 de março de 2010

Perimetromorfótico


Andando em círculos
Óculos tortos turvos
Pendurados em pálida face
Disfarçando a retumbante gafe
Em desorientado enlace
Perpétuo contínuo
Como barata tonta
Em infinito labirinto
Que te traz sempre
Ao mesmo velho ponto de partida
Do início ao fim da vida
Idas e vindas
Feias ou lindas

sexta-feira, 26 de março de 2010

Peixe Voador


Sem significado insisto
Escrever sem me conter
Rabisco um
Momento
Me perco no
Não pensamento
Opinião:
O traço sai
Pé nem cabeça
Profusão de vazio
Desconstrução na contramão
Peixe viajando de navio
Passarinho a bordo do avião

sexta-feira, 19 de março de 2010

Crônica de um Papai Noel no Saara


Acertadamente tenho errado
Explico paradoxo:
É a escola da derrota
Agora é hora de mudar
Vou dar cobra à asa
Digo isso porque cansei
A vida quase fica cansada de mim
Canhestro romantismo requentado este
Lirismo no boteco
50 cervas de garrafa
Pra aguentar esse calor infernal
Atravessando o deserto do Saara
Rua da Alfândega vestido
De palhaço anunciando a promoção
Espetacular imperdível da loja
De quinquilharias do Kalil
O salário também foi calculado numa
Promoção que fiz pro patrão
A promoção desemprego
No natal 40 graus vestido de
Papai Noel da Noruega
Palhaçada essa porra!
Choque de Ordem
Porrada e progresso
Martelando o bife
Amaciando carne de segunda
No editorial, o jornalista imparcial aplaude
A unidade pacificadora que metralhou seis suspeitos
(Tiros no peito morrendo no SUS)
Que Matavam aula no horário escolar
Em Ipanema, a população aplaude o por do sol e chupa picolé
O velho Noel só pensa em neve e nas 50 cervas de garrafa

domingo, 7 de fevereiro de 2010

AVA


Foto:Carla Vieira

Sombra do som
Vibração da cor medida em hertz
Tela pintada à luz e onda sonora
Chacoalhando esqueleto
Metais, madeira, pedra, nylon
Palavras sopradas ao vento
Notas no espaço-tempo
Você me diz, eu te digo
Lido e repercutido
Em 16 bits
100 beats por minuto
A mosca pousou na sopa
Zumbido do inseto e do spray do inseticida
Acontecimentos editados e sequenciados
Chips e nervos à flor da pele de plástico
Prazer virtualisticamente verdadeiro
A vida reescrita por um ghost writer
Cópia da cópia
Genes em código
Tudo é música
A música não é tudo